Não é novidade que vivemos uma conjuntura pra lá de esquisita. A morbidez circula com fluidez pelos corredores da história, os estúpidos se transformaram em influencers e a racionalidade anda tonta de tanto apanhar. Nesta semana mais um episódio de burrice explícita e desavergonhada.

Numa avaliação escolar uma professora usou a imagem “Cristo Crucificado”, do artista espanhol Diego Velásquez, associada à frase “bandido bom é bandido morto”. Uma grande questão que permite muitas interpretações. Professora cumprindo seu papel.

Um deputado do PL (partido do Bolsonaro), porém, pediu em reunião da Comissão de Direitos Humanos da Câmara (parece piada, mas não é), que a professora fosse colocada em “pelotão de fuzilamento” pelo uso da imagem em aula.
O deputado não entendeu o motivo da questão e despejou esgoto numa intervenção caótica e carregada de adjetivos. Veja abaixo.

“Esta jumenta empoderada e comunista deveria ter sido colocada em um tribunal, num paredão, para que ela não levasse esse seu entendimento para a nossa juventude, que está em formação de caráter. Por isso, eu quero dizer aqui nesta Comissão de Direitos Humanos e Minoria que nós parássemos de ver o direito de minoria. Que nós nunca deixemos de ver o direito da maioria dos brasileiros que não quer esses valores errados”. Trata-se de Éder Mauro (PL-PA).

Não é fácil discutir com ignorantes e o deputado bolsonarista é um típico exemplar deles. Normalmente cheios de certeza, falam aos gritos, desconhecem o que debatem, despejam preconceitos e vivem de senso comum.

Velásquez viveu na primeira metade do século 17 e pintou a obra em homenagem a um grande homem de nossa história. A professora seguiu a mesma linha e questionou a tortura e os torturadores numa avaliação escolar. O deputado, que não entendeu nada de nada, acha que ela desrespeitou Cristo.

Ser chucro não é o problema, pode-se superar esta condição, a questão central é fazer dela uma qualidade. Já pode se tornar um influencer se perder a eleição.