por Ricardo Alvarez

Pipoca mais um conflito internacional, agora na Ucrânia. Independentemente dos motivos, uma guerra nestas terras me angustia diretamente, pois meus avós maternos imigraram de lá, provavelmente na virada do século 19 para o 20.

A vó Catarina e o vô João vieram ainda crianças e se estabeleceram no sul do Paraná, mais precisamente no município de Mallet, no minúsculo distrito de Dorizon, área de concentração de ucranianos e poloneses, onde minha mãe nasceu.

Dona Cecília falava fluentemente ucraniano, entendia russo (razoavelmente) e polonês (menos). Conversava com as irmãs e os pais frequentemente na língua de origem, mas com a morte deles isso se acabou. Tentei aprender um pouco, mas é muito difícil, arrisco nem meia dúzia de palavras.

Provavelmente tenha parentes ainda por lá. As informações trazidas eram poucas pois a família da minha mãe passou muita necessidade, documentos se perderam e a história foi esquecida, talvez até deliberadamente.

Curioso que organizando os documentos guardados na casa de meu pai em função de seu falecimento, encontramos a certidão de casamento de meus avós maternos e, para minha surpresa, eles aparecem com a nacionalidade austríaca. Muito provavelmente, um pedaço do território da Ucrânia sob domínio do Império Austro-húngaro, creio eu.

Só sei que a Ucrânia é parte de mim. Tá longe, mas tá perto.