Texto por Paulo Afonso Marcelino

“O negro nasce sem o direito de ser educado” (Paulo Freire)

O Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra celebrada em 20 de novembro foi instituída oficialmente pela a lei 12.519, de 10 de novembro de 2011. A data faz referência à morte de Zumbi o então líder do quilombo dos Palmares situado entre os estados de Alagoas e Pernambuco na região Nordeste do Brasil.

Zumbi foi um dos líderes do maior quilombo da história do Brasil. Hoje ainda se fala mais da Princesa Izabel do que de Zumbi. Porque?

Zumbi preferiu fugir dos privilégios a se deixar cooptar por eles. Preferiu a luta à resignação.

Foi à luta pela libertação de todo o seu povo que levou Zumbi a recusar, em 1678, a oferta do então governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, que propunha anistia e liberdade a todos os nascidos no Quilombo dos Palmares.

Enquanto Ganga Zumba, então líder de Palmares, concordava com a trégua, Zumbi se colocava contra, por entender que o acordo favorecia a continuidade do regime de escravidão praticado nos engenhos. Foi este sentimento de – ou liberdade para todos ou a luta – que fez de Zumbi, a partir de então, o novo líder do seu povo.

Zumbi nasceu em Alagoas (1655-1695). Zumbi, na língua afro, quer dizer guerreiro e foi esse o nome que adotou quando passou a assumir a luta contra a escravidão no Quilombo – local onde se situavam várias comunidades negras – nos Palmares.

Liderando uma guerra civil contra portugueses, Zumbi ficou cerca de 14 anos numa intensa batalha até que numa emboscada foi morto. Seu corpo foi mutilado e sua cabeça decepada e enviada ao Recife, em Pernambuco, onde foi exposta em praça pública.

O dia da Consciência Negra é uma data significativa pois traz a luz questões importantes como o racismo e a desigualdade da sociedade Brasileira.

É uma data que relembra a luta dos africanos escravizados no passado e que reforça a importância da realização de novas lutas para tornar a nossa sociedade mais justa.

Ainda hoje, o racismo é um dos grandes problemas da sociedade brasileira.

O Dia da Consciência Negra é importante para relembramos que a nossa sociedade foi construída por meio da escravidão.

Por mais que melhorias tenham acontecido, a falta de oportunidade para a população negra, o racismo presente e as tentativas de apagamento da cultura africana evidenciam que ainda temos um longo caminho a ser trilhado.

Alguns indicativos podem nos ajudar a entender o problema do racismo no Brasil.

De acordo com a pesquisa do PNAD e do IBGE em 2019 o salário médio de trabalhadores negros foi 45% menor do que dos brancos. A mesma pesquisa mostra que entre as mulheres negras a situação é pior. A media salarial para elas chegou a ser 70% menor do que das mulheres brancas.

Somente 4% dos políticos eleitos para o legislativo autodeclara-se negro. 57% da população autodeclara-se negra. Entre os mais ricos os negros representam somente 17%. Em contrapartida os negros representam 75% dos mais pobres. Além de corresponderem a maioria dos presos no Brasil, 76% dos mortos pela polícia são negros.

A cultura religiosa oriunda dos negros africanos também sofre bastante com o preconceito no Brasil. Na década de 1930 as chamadas religiões de matrizes africanas eram proibidas no Brasil. Um fenômeno recente são as ações de vandalismo cometidos contra os terreiros.

O Dia da Consciência Negra é o momento no qual podemos tomar consciência do racismo que nos cerca e nos posicionar por mudanças na construção de uma nova sociedade. Quais as lições que Zumbi deixou para nós?

Negro é lindo, negro é amor, negro é amigo
Um sorriso negro um abraço negro traz felicidade
Axé e viva Zumbi