Foto Marcelo Camargo/Agência Brasil
Neste 7 de setembro, as movimentações de rua deixaram um gosto amargo para as pretensões de Bolsonaro. Explico.
1. A mobilização tinha a intenção de flexionar a curva de descenso de popularidade no sentido oposto, focando as eleições. Seria o momento de carregar as baterias e impulsionar seu nome para 2022;
2. Bolsonaro mobilizou sua base mais ideológica, aquela que fecha com ele em qualquer situação: homens, brancos, meia idade e mais velhos, sudeste. Este público já está ganho;
3. Como ele não poderia fazer um comício eleitoral, cutucou as bases atacando o STF e o Congresso Nacional, defendeu voto impresso, demonizou o comunismo, a corrupção e os que não deixam ele governar. Pauta ampla, impraticável e distante da realidade;
4. Ignorou mais uma vez os problemas reais que afligem os brasileiros: fome, desemprego, gás, combustível e energia caros. A distância destas pautas embranquece o protesto e limita a participação;
5. Continua com sua retórica antissistema sendo ele chefe político do sistema; fala em independência mas faz ameaças golpistas; exalta a liberdade mostrando que por detrás tem as Forças Armadas. Haja crença para acreditar nestas besteiras ideológicas;
6. Tem muito maluco fundamentalista que acredita nas suas queixas. Tem muito bolsonarista menos extremista que espera que ele seja mais operativo. Mas tem mesmo muito mais ex-bolsonarista;
7. Enfim, Bolsonaro precisa ampliar suas bases e acumular politicamente para novos protestos, num crescente, de olho nas eleições de 2022. Neste 7 de setembro ele fez grande aposta, mas o retorno ficou bem abaixo;
8. Como o Brasil vive uma imprevisibilidade política e uma grave crise social e econômica, tudo pode acontecer, mas a depender deste capítulo a novela fica empacada.